fprodutividade
Fator de Produtividade
na Manutenção Industrial
A Produtividade na Manutenção Industrial é
um fator decisivo em questões estratégicas e operacionais, sendo crucial para
a obtenção de bons resultados e dimensionamento correto de recursos técnicos,
humanos e materiais. A
produtividade na manutenção é uma das questões mais importantes que regem a
economia das atividades de produção. No entanto, a produtividade é muitas
vezes é colocada em segundo plano e negligenciada por aqueles que
decisores influenciam diretamente nos processos de produção. Com
a crescente conscientização de que a manutenção cria valor para o
processo, as organizações estão tratando a manutenção como uma parte
integral de seus negócios. Devemos entender que
os custos de manutenção são uma parcela significativa do custo
operacional de uma indústria. As despesas de manutenção representam 20-50%
dos custos industriais, dependendo do nível de mecanização. Em
algumas empresas na Europa, o montante gasto no orçamento de
manutenção para a Europa é de cerca de 1500 bilhões de euros por ano (Altmannshopfer, 2006) e para a Suécia 20 bilhões de euros
por ano (Ahlmann, 2002). Uma
grande falha encontrada em boa parte das indústrias brasileiras é o
desconhecimento do Fator de Produtividade da Manutenção. Esse indicador
representa o tempo total dos colaboradores da empresa (conforme o contrato de
trabalho) e o tempo útil em que os colaboradores realizam os serviços para os
quais foram contratados. Uma
vez que o Fator de Produtividade da Manutenção é desconhecido, não
conseguimos calcular corretamente vários outros indicadores, como: Homem-Hora
Disponível, Backlog e Custos. Dessa forma, é gerada uma grande bola de neve
de informações erradas e indicadores que não remetem a realidade,
comprometendo a Gestão da Manutenção.
O que é o Fator de Produtividade na Manutenção?
O
Fator de Produtividade na Manutenção é o percentual de tempo que um
funcionário passa fazendo alguma atividade para qual ele foi contratado. Ex: apertando um parafuso, realizando uma inspeção,
colocando um equipamento de volta a operação, etc.
Excluindo o tempo que ele “perdeu” com atividades que não geram valor ou
resultado. Ex: esperando alguma peça no
almoxarifado, se deslocando até o equipamento, escutando uma instrução de trabalho, etc. O
Fator de Produtividade na Manutenção é o mesmo que o Wrench Time, que em
tradução livre seria
“Tempo de Chave”. Ou seja, o tempo em que um funcionário passa com a chave
(ferramenta) na mão durante uma atividade de manutenção. Um
exemplo: Se em uma indústria o Fator de Produtividade da equipe de mecânicos
é de 35% e um mecânico trabalha 8 horas e 48 minutos por dia, significa que o
tempo que o funcionário passa de fato trabalhando (produzindo) é de 3 horas e
8 minutos por dia. O restante do tempo é “desperdiçado em Atividades de Não
Valor Agregado (NVA), conforme mostra o gráfico abaixo: Leia
também:
§
Backlog:
O que é e Como Calcular; §
Introdução
aos Custos de Manutenção. O
Wrech Time é o reflexo do trabalho de planejamento
da manutenção, se o Fator de Produtividade da Manutenção é alto, significa
que o planejamento da manutenção está cumprindo com o seu papel e eliminando
o impacto das Atividades de Não Valor Agregado. Valores
de Referência para o Fator de Produtividade na Manutenção Industrial
Cenários
internacionais (EUA e Europa) mostram que o valor comum encontrado para o
Fator de Produtividade na Manutenção está entre 25 e 35 por cento. No Brasil,
esse valor normalmente está entre 12 e 25 por cento. Podemos
considerar ambientes produtivos na Manutenção quando o Fator de Produtividade
é acima de 35%. Abaixo disso já é um ambiente improdutivo. O
valor encontrado no mercado Brasileiro hoje (12% a 25%) e isso é considerado
improdutivo. Ambientes acima de 30% são considerados produtivos e acima de
72% são considerados World Class. Como
medir a Produtividade na Manutenção?
Para
medir a Produtividade da Manutenção é essencial que seja realizada uma
auditoria interna, onde serão auditados os seguintes fatores: §
Tempo desprendido para
reuniões de rotina; §
Tempo para ações de segurança
no trabalho (DDS, Preenchimento de Formulários de PPT, Bloqueios, Isolamento
de Áreas, etc.) §
Tempo de deslocamento da
equipe entre oficina, almoxarifado, equipamentos, etc. §
Tempo de espera para obter
peças, ferramentas, materiais; §
Tempo desprendido para
instruções sobre o trabalho; §
Tempo desprendido para
tarefas administrativas (preenchimento de Ordem de Serviço, Requisição de
Materiais, elaboração de relatórios, etc.) §
Tempo desprendido em pausas
por motivos pessoais (necessidades fisiológicas, alimentação, descansos não programados, etc.) Essa
auditoria deve ser realizada por algum auditor interno ou externo, analisando
cada grupo de funcionários, divididos por função. Por exemplo: a
produtividade da manutenção mecânica deve ser mensurada separadamente da
produtividade da manutenção elétrica e assim por diante. Cada função terá um
fator de produtividade específico pelo fator de existir particularidades na
função que irão afetar no resultado final. Através
do formulário abaixo, o auditor irá mensurar o tempo aplicado em cada pausa.
Após preenchimento completo do formulário, basta somar a quantidade total do
tempo desprendido em pausas e obter o fator de produtividade (ou
improdutividade). Abaixo
segue um exemplo de uma pesquisa realizada em 35 indústrias químicas dos EUA,
onde foram levantados os dados para cálculo do Fator de Produtividade na
Manutenção. Ao final da pesquisa, chegou-se a conclusão de que a média para o fator de
produtividade era de 32,71% (67,29% de improdutividade). Improdutividade
Necessária x Improdutividade Desnecessária
Uma
vez que foi realizada a auditoria e foram levantados os valores de
produtividade na manutenção, será possível identificar as fontes
de improdutividade que estão impactando no resultado final. Essas fontes de improdutividade podem ser
divididas em duas categorias: improdutividade necessária e improdutividade
desnecessária. A improdutividade
necessária é um conjunto de processos, tarefas e
procedimentos, que devem ser realizados pelos colaboradores por questão
burocráticas ou administrativas. Essas tarefas apesar de não trazer nenhum
benefício direto sob a ótica técnica, são necessárias para uma boa gestão do
setor de manutenção ou para cumprir requisitos internos da empresa. A
improdutividade necessária não pode ser eliminada, porém, o tempo desprendido
nessas atividades pode ser diminuído visando a elevação do índice de
produtividade final. A improdutividade
desnecessária é um conjunto de tarefas, processos,
atividades e procedimentos que podem ser eliminados. Eles são executados
muitas vezes por conta de “vícios” existentes dentro das equipes e uma
cultura de manutenção que não favorece a produtividade. Grande parte desses
vícios são oriundos de uma falta de planejamento, falta de capacitação e
deficiências na gestão da manutenção. O
que levar em consideração após medir a Produtividade na Manutenção?
Vários
fatores e questões devem ser considerados para medir a produtividade da
manutenção. Alguns dos fatores importantes precisam ser considerados para
fazer essa aferição. Sendo eles: O valor gerado pela manutenção: O
fator mais importante a se considerar ao medir a produtividade da
manutenção é medir o valor gerado pelo setor de manutenção. Os gestores
devem saber disso e números o quanto o setor de manutenção contribui para o
negócio. O
objetivo principal do setor de manutenção é garantir a disponibilidade,
confiabilidade e segurança operacional da planta, de forma produtiva. Caso o
setor de manutenção não consiga mensurar esses itens, está na hora de rever a
forma de atuação dos gestores. Revisar as alocações dos recursos: O
objetivo de medir a produtividade da manutenção é atestar a eficácia do investimento feito sobre o setor e determinar se
há a necessidade de fazer algum investimento adicional para sustentar as
estratégias definidas para o setor. Após
as medições de produtividade, é possível identificar possíveis desperdícios
de recursos humanos e também evidenciar alguns
pontos de melhorias. Fatores de segurança do trabalho e Fatores
Ambientais: Algumas causas de baixa produtividade da manutenção estão
diretamente ligadas com fatores de segurança e meio ambiente. É essencial
entender as questões e a política da empresa em torno desses dois assuntos.
Um baixo desempenho da manutenção pode levar a incidentes e acidentes no
trabalho (questão de segurança) e outros riscos para a saúde, além dos
problemas ambientais e encorajadores para um cultura
de trabalho insalubre. Por
isso é necessário entender e identificar, junto aos setores de Saúde e
Segurança do Trabalho e Meio Ambiente, quais são os requisitos necessários que
o setor de manutenção deverá se alinhar. Gestão do conhecimento: Para
o sucesso da manutenção é necessário concentrar esforços na gestão efetiva do
conhecimento. Uma parcela da falta de produtividade na manutenção é a falta
de gestão do conhecimento e o desconhecimento das habilidades de cada membro
da equipe. Como
a tecnologia está sempre mudando e a cada dia que se passa isso acontece de
forma mais ágil, surgindo novas tecnologias de inspeção baseadas na condição
dos equipamentos como análise de vibração, espectroscopia, termografia e
dentre outros ensaios, que estão substituindo a manutenção preventiva e
poupando recursos de mão de obra. Para isso acontecer, é extremamente necessária
uma boa gestão do conhecimento. |