Capacitores

O capacitor nada mais é do que um dispositivo físico capaz de acumular cargas elétricas. Basicamente, ele é constituído por duas placas metálicas paralelas entre si. Uma das placas assume carga positiva e a outra, carga negativa. Normalmente quem fornece estas cargas ao capacitor é uma fonte de tensão ou de corrente. Esta distribuição de cargas gera um campo elétrico uniforme entre as placas, orientado da placa com carga positiva para a placa com carga negativa. E é devido a este campo elétrico gerado pelo acúmulo de cargas entre suas placas que o capacitor tem a propriedade de armazenar energia entre seus terminais. A unidade de medida da capacitância é o farad ou coulomb/volt. Na prática esta unidade é muito grande. Por isto usamos seus submúltiplos, como o microfarad, nanofarad ou picofarad.

Figura 03-1

Na Figura 03-1 podemos ver, esquematicamente, como é um capacitor. A capacitância de um capacitor depende, basicamente, da sua geometria como distância entre placas ( D na figura) e a área (A) das placas.



Também existe uma constante de proporcionalidade, chamada permissividade elétrica do meio. Esta constante depende do material que é colocado entre as placas. No vácuo seu valor é   8,85 . 10-12 F/m ou C2/N

A capacitância de um capacitor com uma dada geometria e dielétrico entre suas placas pode ser calculada através da equação:

Onde as variáveis são:

  • C - Capacitância cuja unidade de medida é  farad
  • εr - Permissividade relativa do dielétrico e é adimensional
  • εo - Permissividade do vácuo cuja unidade de medida é  farad/metro
  • D - Distância entre as placas, cuja unidade de medida é  metro
  • A - Área  cuja unidade de medida é   m2

Assim, para cada material usado como dielétrico temos uma constante com valores numéricos diferentes, o que implicará em valores de capacitâncias diferentes. Ressalte-se que para o vácuo a permissividade elétrica vale    εo = 8,85 . 10-12  F/m   . A razão entre a permissividade do dielétrico utilizado entre as placas do capacitor e a do vácuo é chamada de permissividade relativa, εr. Alguns livros representam a permissividade relativa pela letra K. Na Tabela 03-1 apresentamos alguns materiais utilizados na fabricação de capacitores e suas respectivas permissividades.


                  Tabela 03-1

Material do Dielétrico

Perm. Relativa (εr ou K)

Vácuo

1,00000

Ar

1,00059

Água a 20°C

80,40

Água a 25°C

78,50

Etanol

25

Germânio

16

Silício

12

Alumínio

8,10 a 9,50

Esteatita (MgO - SiO2)

5,50 a 7,20

Mica

5,400 a 8,700

Óleo

4,6000

Papel

4,00 a 6,00

Papel Parafinado

2,50

Plástico

3,00

Polistireno

2,50

Porcelana

6,00

Pirex

5,10

Titanatos

50 a 10.000

 

Na prática, existem diversos tipos de capacitores que dependem de qual material é utilizado como dielétrico. Assim, temos os capacitores de tântalo, papel, mica, cerâmica, poliéster, óleo, eletrolítico, ajustável etc... cada um com suas características próprias. O valor da capacitância pode estar escrito no corpo do capacitor ou sob forma de código de cores. Deve-se atentar para o fato de que cada capacitor tem uma tensão de trabalho máxima, que não deve ser ultrapassada sob risco do mesmo ser avariado.

 

O que é Rigidez Dielétrica

2. Rigidez Dielétrica

A rigidez dielétrica tem como unidade de medida o volt/metro. Assim, podemos definir a rigidez dielétrica como o valor máximo do campo elétrico que o dielétrico suporta sem rompimento da sua estrutura molecular, o que, caso acontecesse, haveria um curto-circuito entre os eletrodos do capacitor, havendo então uma circulação de corrente elétrica entre eles, inutilizando o capacitor. Quando isso acontece dizemos que a tensão de ruptura do dielétrico foi superada.



Associação de Capacitores

3. Associação de Capacitores

Assim como nos resistores, temos três tipos de associações de capacitores que podemos encontrar em circuitos elétricos. A associação   Série,   Paralelo   e   Mista. Para estudarmos as associações de capacitores, não devemos esquecer a relação existente entre carga, tensão e valor da capacitância. A relação entre estas variáveis é dada por:

eq.  03-

Associação Série de Capacitores

3.1. Associação Série

O que caracteriza uma associação  Série  é a carga em cada capacitor que deverá ser a mesma em qualquer capacitor que faça parte da associação série. Logo, a tensão sobre cada capacitor dependerá somente do valor da sua capacitância.

Figura 03-2

Na Figura 03-2, vemos uma associação série alimentada por uma fonte de tensão V. A soma das quedas de tensões nos capacitores deverá ser igual a tensão V da fonte,  ( V = V1 + V2 + V3 ). Para calcularmos a capacitância equivalente de uma associação série, para qualquer número de capacitores, devemos usar a equação dada abaixo:



eq.  03-03



Associação Paralelo de Capacitores

3.2. Associação Paralelo

O que caracteriza uma associação  Paralelo é que todas os capacitores estarão submetidos a uma mesma diferença de potencial. Portanto, a carga em cada capacitor dependerá do valor da sua capacitância.

Figura 03-3

Na Figura 03-3 vemos uma associação paralela alimentada por uma fonte de tensão V. Repare que a tensão V, é a mesma para todos os capacitores. Então, a soma das cargas de cada capacitor será igual a carga total fornecida pela fonte de tensão.

 

Neste caso, teremos que o valor da capacitância total da associação será dada pela soma de todas as capacitâncias que fazem parte do circuito. Então, para calcularmos a capacitância total de uma associação paralela, para qualquer número de capacitores, usamos a equação dada abaixo:

eq.  03-04



Associação Mista de Capacitores

3.3. Associação Mista

Na associação  Mista  , como o nome está dizendo, teremos um circuito que contem, tanto associação em paralelo, como em série. A Figura 03-4 ilustra esse circuito.

Figura 03-4

Para calcular a capacitância total de uma associação mista, devemos calcular a capacitância equivalente de todos os capacitores que estiverem associados em paralelo e posteriormente calcular a capacitância em associações série, até conseguir chegar ao resultado final. Com este valor calculado, podemos calcular a carga total fornecida pela fonte de tensão.

 

Para calcular as cargas parciais de cada capacitor do circuito, devemos retroceder capacitor a capacitor, não esquecendo que capacitores que estiverem em um circuito série terão a mesma carga, independentemente do valor de sua capacitância. Portanto, o valor da tensão entre os terminais de cada capacitor, em um circuito série, dependerá somente de sua capacitância.


Energia Acumulada em um Capacitor

4. Energia Acumulada em um Capacitor

Já que o capacitor gera um campo elétrico entre as placas, então ele é capaz de armazenar energia. Lembre-se que a unidade de medida de energia é joule. Podemos determinar a energia armazenada em um capacitor por qualquer uma das três equações abaixo, onde as variáveis envolvidas são:

  • W - Energia armazenada no capacitor cuja unidade de medida é  joule
  • C - Capacitância cuja unidade de medida é  farad
  • q - Carga elétrica do capacitor cuja unidade de medida é  coulomb
  • V - Tensão elétrica nos terminais do capacitor cuja unidade de medida é  volts


eq.  03-05

 

eq.  03-06

 

eq.  03-07

1 -   Um capacitor pode absorver potência de um circuito armazenando energia em seu campo elétrico.

2 - Em um circuito o capacitor pode devolver sob forma de potência a energia acumulada em seu campo elétrico.

Transientes em Capacitores

5.   Comportamento do Capacitor em Corrente Contínua: Transientes

Devemos ter sempre em mente, que um capacitor mantém uma relação direta entre carga, capacitância e tensão elétrica a qual está submetido. Vamos repetir a eq. 03-02 para que não caia no esquecimento.

eq.  03-02

Neste item estudaremos qual o comportamento de um capacitor em relação à corrente contínua ou DC (direct current). Consideraremos que inicialmente o capacitor encontra-se descarregado, ou seja, sem carga elétrica e portanto a tensão elétrica entre seus terminais é igual a zero. Quando não for este o caso, explicitaremos a condição inicial.

Abaixo estão descritas duas propriedades fundamentais de um capacitor.

Baseado nas propriedades acima o capacitor assume características especiais quando submetido a variações de tensões em seus terminais. Normalmente, usa-se um resistor em série com o capacitor para limitar a corrente de carga do capacitor. Assim, quando o capacitor é submetido, bruscamente, a uma variação de tensão elétrica, ele comporta-se como um CURTO-CIRCUITO. Isto devido ao fato que quando é aplicada uma tensão elétrica aos terminais do capacitor, a velocidade que a bateria retira elétrons de uma das placas do capacitor, é muito grande, diminuindo com o passar do tempo. E após um longo tempo, quando o capacitor estiver totalmente carregado, não há mais movimento de elétrons e, portanto, o capacitor assume o papel de um CIRCUITO ABERTO. Assim, podemos ver na Figura 03-5, um circuito clássico para estudar o comportamento do capacitor.

Figura 03-5

Neste circuito temos uma chave S que permite ligar e desligar a fonte de tensão que alimenta o circuito. Ao ser fechada aplica uma tensão elétrica proveniente da fonte de tensão V no circuito formado pelo resistor em série com o capacitor. Na literatura técnica representa-se o instante de fechamento da chave S como o tempo igual a t = 0+.

 

No momento do fechamento da chave S, em t = 0+, como o capacitor está inicialmente descarregado (q = 0 e Vc = 0), seu comportamento será de um curto-circuito. Logo, a tensão sobre o capacitor, Vc, será igual a zero e, portanto, toda a tensão da fonte será aplicada sobre o resistor R. Assim, podemos calcular a corrente elétrica que circula pelo circuito, no instante t = 0+. Para isso, basta aplicar a lei de Ohm, ou seja: I = V / R

No instante imediatamente posterior a t = 0+, o capacitor começa então a ser carregado eletricamente pela corrente elétrica I. Como agora o capacitor tem carga elétrica, então também deverá ter uma determinada tensão elétrica. Esta tensão elétrica sobre o capacitor cresce de forma exponencial. E, naturalmente, sobre o resistor, a tensão decresce de forma exponencial. A velocidade com que o capacitor adquire carga elétrica, depende dos valores da capacitância do capacitor e da resistência elétrica do resistor que encontra-se em série com o capacitor. Os valores destes dois componentes determinam a chamada constante de tempo do circuito e é representada pela letra grega τ (tau). Então podemos escrever que: τ = R.C

Conhecendo a constante de tempo do circuito, podemos escrever a equação que determina a corrente pelo capacitor em qualquer instante . Veja a equação abaixo. Como tínhamos dito anteriormente, para   t = 0,   a corrente pelo circuito é máxima e igual a   I = V / R, pois sabemos que a função exponencial elevada a potência zero (t=0) é igual a UM.

eq.  03-08

 

Figura 03-6

Vemos na Figura 03-6, o gráfico de como o capacitor adquire sua carga elétrica ao longo do tempo. Observe na figura, que para um tempo igual a uma constante de tempo, o capacitor adquire 63,2 % da sua carga total. Após duas constantes de tempo, já chega a 86,5 % da sua carga total. Na prática, consideramos que após cinco constante de tempo, o capacitor alcança sua carga elétrica máxima.

 

Quando o capacitor alcança sua carga elétrica máxima, dizemos que o circuito alcançou o estado de regime permanente. Isto significa que, caso o circuito não sofra nenhuma perturbação elétrica posterior, o circuito tende a se manter nesse estado indefinidamente.

Agora, fique atento para o fato que a medida que a tensão no capacitor cresce, obviamente a tensão sobre o resistor decresce, haja vista que a fonte de tensão possui um valor fixo (constante). Então, a soma   Vc + VR   deve ser igual a   V. Abaixo temos a equação que determina a tensão no capacitor a qualquer instante. Repare que quando t = 0, a tensão no capacitor é zero, como já havíamos comentado.

eq.  03-09


Figura 03-7

Na Figura 03-7, temos o gráfico da corrente elétrica através do capacitor. Como resistor e capacitor formam um circuito série, então esta corrente elétrica é a mesma que circula pelo resistor. Assim, concluímos que a tensão sobre o resistor tem o mesmo aspecto que a corrente elétrica no capacitor.

 

Perceba que quando a tensão elétrica no capacitor cresce (veja Figura 03-7), simultaneamente, a tensão elétrica sobre o resistor decresce. Repare que este gráfico também representa a queda de tensão sobre o resistor, bastando substituir no eixo vertical   ic   por VR.

Esta foi uma breve abordagem sobre o comportamento de um capacitor quando este está em um circuito que utiliza somente corrente contínua. Em breve abordaremos com mais profundidade esse problema, recorrendo a solução de equações diferenciais, bem como demonstrar de onde surgiram as equações acima.