A GESTÃO ESCOLAR PARTICIPATIVA: REALIDADE E
DESAFIOS Dorival
Rosa Brito*[1] RESUMO: O presente artigo é o relato da avaliação e reflexão sobre as práticas
de gestão escolar disseminadas na Unidade I do Centro Universo de Educação e
Desenvolvimento, situada no município de Vitória do Estado do Espírito Santo
que identificaram as condições profissionais, políticas, econômicas e de
formação acadêmica objetivando a obtenção de um melhoramento contínuo nos
serviços da Gestão Escolar disseminada na instituição, através da
participação da comunidade escolar focando os alunos e professores diante dos
serviços educacionais oferecidos pela instituição que ficaram comprometidos,
uma vez que a qualificação de novos colaboradores para executarem o serviço
educacional não era realizada a contento e com isso a percepção visível da
baixa qualidade nos serviços de gestão. Realizaram-se momentos de estudos,
reuniões, reflexões e planejamento de ações. Os estudos realizados
propiciaram reflexões para a tomada de decisão que favoreceu a Gestão Escolar
no sentido de reconhecer a necessidade e capacidade da escola em planejar e
organizar a sua dimensão política e pedagógica a partir da gestão
participativa em todos os segmentos da comunidade escolar no processo
dinâmico e articulado, sendo uma das oportunidades de atingir melhores
resultados de todos os envolvidos no processo de gestão de acordo com suas
necessidades e culturas específicas. PALAVRAS
CHAVES: Gestão.
Participação. 1 INTRODUÇÃO A Gestão Escolar
Participativa do Centro Universo de Educação
e Desenvolvimento, Unidade I do município de Vitória - ES vem evoluindo
continuamente e com um número crescente de alunos a cada abertura de
matrículas dos cursos técnicos profissionais e novas contratações de
professores para atenderem a demanda dos serviços de docência. Dentro desta
ótica, observamos que os serviços educacionais oferecidos pela instituição
ficam comprometidos, uma vez que a qualificação de novos colaboradores para
executarem o serviço educacional não é realizada a contento. Apesar de a escola desenvolver, pelo grau de percepção, com eficiência os
serviços acadêmicos e administrativos, visivelmente percebe-se a insatisfação dos colaboradores com o seu
fazer profissional, diante desta situação
surgiu a necessidade do questionamento: Como a Gestão Escolar do Centro Universo de
Educação e Desenvolvimento, articular-se com os colaboradores na Unidade de
Ensino I-Vitória? Foi
feito uma análise reflexiva sobre a atuação do Gestor Escolar na unidade de
ensino em foco que possui 1.600 alunos matriculados no turno noturno. Na
analise do “fazer profissional” dos gestores atuantes no Centro Universo –
Unidade I estudamos as demandas administrativas deliberadas emergente do
espaço escolar, os projetos e as políticas que a unidade de ensino
desenvolveu para subsidiar a atuação destes gestores, objetivando
conhecer o grau de interação entre os colaboradores da referida unidade de
ensino, bem como a relação desta interação através de uma pesquisa bibliográfica
e da sua aplicação na para retratar um panorama fidedigno da Gestão praticada
na unidade I. Foi
feito também uma reflexão sobre as
produções de alguns trabalhos voltados para a gestão educacional democrática
da escola, tomando como base a as pesquisas de: Morgan(1996);
Ribeiro (1986); Paro (2000); Libâneo (2004, 2005), Luck ( 1998, 2007) dentre outros, para melhor compreender a
gestão dos espaços educativos, tendo como norte, pensar a gestão
participativa da escola, visto que a bibliografia atual, como as demais
pesquisas voltadas para a gestão educacional propõe uma nova forma de atuação
do gestor de escola, seja ele diretor, vice-diretor, assistente de direção,
supervisor, coordenador pedagógico ou orientador educacional, focando a
democratização da gestão escolar prevista na Lei de Diretrizes e Bases da
Educação, lei 9394/96. Avaliar as
práticas de gestão escolar disseminadas na escola identificando
as condições profissionais, políticas, econômicas e de formação acadêmica,
para otimizar os serviços da Gestão
Escolar disseminada na instituição. O estudo foi
desenvolvido através da pesquisa bibliográfica uma vez que dentre outros, um
dos objetivos é entender as práticas dos gestores sobre a temática a Gestão
Escolar Participativa desenvolvida na escola. Foi realizado um estudo
explicativo no intuito de compreender com maior competência como ocorrem os
fatos da realidade estudada. O estudo tratou
desse tema considerando como que a gestão participativa pode e deve ser
introduzida na administração da escola, uma vez que a participação agrega
sinergia no fazer profissional. Porém, na escola o estudo constatou a
ausência de uma gestão que envolva os colaboradores na busca de um objetivo
comum. Utilizamos como ferramentas na busca de dados fontes bibliográficas e
entrevistas com alunos, professores e funcionários da unidade de ensino em
questão. Como instrumento de análise da parte empírica do trabalho foi
utilizado à técnica de análise de conteúdo observando três princípios
elaborados por Bardin (1997) indispensáveis ao emprego da análise de
conteúdo: o da objetividade, que propicia diferentes análises sobre o mesmo
conteúdo; o da sistematicidade, que
ordena e integra nas categorias escolhidas, levando em consideração, os
objetivos estabelecidos e o quantitativo, que contabiliza a frequência em que
ocorre a repetição do discurso elaborado pelos informantes. Por conseguinte,
os dados foram agrupados em categorias e foram analisados, segundo as
propostas normativas vigentes, tendo em vista, a relevância atribuída pelas
legislações educacionais ao assunto em pauta. Sabemos que
educação contemporânea, sustentada em preceitos de participação,
solidariedade e democracia constitui-se assunto de grande evidência nos
debates e políticas públicas concernentes ao setor. Nesse sentido se faz
importante salientar de que forma a administração participativa pode ser
inserida na educação, seja no contexto privado ou público. É propiciado ao
gestor discutir com sua equipe de colaboradores numa gestão participativa todos
os procedimentos e intervenções que serão adotados na instituição, de maneira
satisfatória aos interesses sociais e coletivos. Estudar
profundamente o assunto em pauta significa acreditarmos na educação enquanto
instrumento de formação da cidadania e na Instituição Escolar como
instituição social que trabalha a socialização do conhecimento, a formação de
hábitos, valores e atitudes, onde a escola contribui para a formação da
cidadania democrática. Observamos neste
trabalho a construção de uma educação democrática através de aspectos de
formação da cidadania e de formação de uma escola cidadã de qualidade. Temos
como pressuposto que em uma gestão democrática o interesse coletivo como
espaço de participação da comunidade escolar e comunidade externa através dos
vários Conselhos, é um dos pontos principais para que ocorra o processo de
articulação, discussão e deliberação do grupo, para se chegar numa posição em
que se avaliam as ações, propondo-se mudanças e projetos que irão beneficiar
a todos. Ou seja, a estrutura desse modelo dá voz a todos que estão
envolvidos. A participação do gestor é de extrema importância
para construir uma educação de qualidade, para tanto, exige-se então deste
gestor a adoção de práticas administrativas e pedagógicas voltadas para a
transformação da Instituição Escolar em um espaço democrático. Estamos inseridos, atualmente, em um contexto de constantes mudanças que
assumem reflexos importantes no comportamento da sociedade em geral. Tais
reflexos são visíveis em nosso modo de pensar, nas nossas ações, como
percebemos o contexto do qual fazemos parte e, sobretudo, de que maneira
contribuímos para sua construção. Portanto, algumas tendências ganharam notoriedade, já que destacam
como condutores ao sucesso práticas ligadas às ações democráticas, dinâmicas
e participativas, proporcionando nas diversas instituições a integralização
entre usuários, clientes, dirigentes e funcionários, estabelecendo desta
forma, parcerias na busca de alternativas para os problemas e também na
abrangência de horizontes, vislumbrando mais objetivos a serem alcançados. Como não poderia deixar de ser, a escola também
está inserida neste contexto de mudanças. A educação, na sociedade
globalizada na qual nos encontramos é visto como elemento primordial e
estratégico para o progresso de determinada comunidade, além de ser, condição
elementar na qualidade de vidas das pessoas. De acordo com Luck (2000), estando a educação
como determinante, outros grupos da sociedade estão, mesmo que aos poucos,
manifestando mais interesse em atuar com as escolas, estabelecendo parcerias
e fazendo da educação uma condutora para o crescimento da sociedade, e, sendo
assim, aumenta o desafio para os gestores escolares, profissionais de quem se
espera conhecimento e habilidades. É na escola que se deve trabalhar a transição do
senso comum para o pensamento reflexivo. E esta etapa deve estar contemplada
no currículo escolar, que segundo Saviani (1999) terá que ter como principais
condutores os conhecimentos emancipatórios. Portanto, o entendimento do que seja a educação
ganha novos rumos. A instituição escolar passa a precisar de uma organização
mais pontual, ou seja, passa-se a exigir mais da gestão e de todos os
aspectos contemplados por ela, seja força humana ou material e demais
recursos que estejam envolvidos no processo. A gestão escolar contempla uma grande
diversificação de atividades como planejamento, definição de calendário,
administração dos recursos financeiros, materiais e humanos, etc. Portando, o
modelo participativo é o mais adaptado à realidade escolar, já que como
afirma Westrupp (2003), “apresenta...o inconformismo diante das respostas e
atitudes ultrapassadas que aprisionam o sujeito, retendo-o na impossibilidade
de emancipação”. Da escola, espera-se a formação de indivíduos
críticos, cooperativos e reflexivos, portanto, tem-se a gestão participativa
nesse ambiente como uma experiência extremamente enriquecedora que almeja uma
formação que proporcione maior inter-relação entre indivíduo e sociedade
(WESTRUPP, 2003, p.17). Portanto, neste estudo, abordamos perspectivas
gerais da gestão participativa escolar através de seus principais
apontamentos, características e desafios, exigindo-se novas competências dos gestores, portanto, tem-se como
objetivo também, apresentar os principais aspectos da formação desses
profissionais que devem atuar com competência e clareza com vistas na
qualidade de formação de seus educandos. Este trabalho contempla de forma linear assuntos
referentes ao modelo de escola, de direção; à descentralização,
democratização e autonomia escolar e à formação de gestores. Baseado nos estudos, pesquisas e reflexões
realizadas durante o trabalho, apresenta-se, por fim uma conclusão. 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA O processo de
descentralização A descentralização tem sido uma forte tendência nas organizações, inclusive
nas escolares. Em uma realidade globalizada como a nossa, as necessidades por
decisões são diárias, não permitindo que se perca mais tempo esperando que
alguma direção venha de um poder central. Com isso, ganha-se com agilidade ao
mesmo tempo que não sobrecarrega o poder central (MACHADO, 1999, p. 57). Nesta linha, no que se refere à realidade escolar, tem-se que, ...apenas localmente é possível promover
a gestão da escola e do processo educacional pelo qual é responsável, tendo
em vista que, sendo a escola uma organização social e o processo educacional
que promove, altamente dinâmico, qualquer esforço centralizado e distante
estaria fadado ao fracasso (BULLOCK; THOMAS, apud
LUCK, 2000, p.17). Por outro lado, como ressalta Luck (2000) esse processo pode conduzir
ao que é conhecido por “descentralização, centralizando”. O que ocorre nesse
caso é a abertura de um espaço em detrimento do fechamento de outro. A contradição em processos como esse é como afirmam Bullock e Thomas (apud LUCK, 2000, p. 18) em suas pesquisas, natural. Isso
se dá devido ao fato de que descentralizando certos segmentos, outros
certamente passarão pelo oposto e serão centralizados. Embora isso ocorra, Luck (2000) afirma que esse
processo não invalida de forma alguma a educação brasileira. Principalmente
por se tratar de um país grande com acentuada diversidade regional e com
distâncias, que mesmo na era digital, desfavorecem a comunicação, além do
processo natural de contradição. A descentralização por isso, de acordo com
Luck (2000) é um processo que se dá através de fases e etapas. Em seus estudos, Luck (2000) apresenta um
entendimento de desconcentração, ao invés de descentralização, mas que ao
mesmo tempo, trilha o caminho da descentralização. Citando Florestal e Cooper (1997), Luck (2000)
aponta tal conceito como o ato de dar autoridade a um agente que se encontra
em nível inferior na mesma hierarquia ao mesmo tempo em que está próximo aos
usuários do serviço, por entender que esses agentes mantenham-se sob o
controle do pode central. Outro autor, Casassus (1995) em seu estudo intitulado “Tarefas da
Educação” aponta uma oposição de conceitos entre descentralização e
desconcentração. Segundo Casassus
(1995) a concepção de descentralização está relacionada a “confiar poderes de
decisão a órgãos diferentes daquele do poder central, que não estão
submetidos ao dever de obediência hierárquica, que contam com autoridades
democraticamente eleitas”. E no que diz respeito à desconcentração, apresenta que “é uma dinâmica
que reflete processos cujo objetivo é assegurar a eficácia do poder central.
Desta maneira, a desconcentração reflete um movimento cujo sentido é de cima
para baixo” (Casassus, 1995, p. 84). Já Mendonça (2001) afirma que mesmo que muitas
organizações entendam a importância da descentralização, não são muitos que
realizam trabalhos que conduzam a sua concretização. A
autonomia De maneira ampla, afirma-se que a autonomia tende
a colaborar no que se referes às questões pedagógicas, com o envolvimento da
comunidade escolar, financeira e administrativa, chegando a uma conclusão
para solucionar os problemas da organização escolar. Acrescentando, como
afirma Azanha (1993), a autonomia está ligada a questões como liberdade,
objetivando a formulação e execução de projetos. Na concepção de Luck a autonomia no âmbito
escolar é algo que: ...consiste na ampliação do
espaço de decisão voltada para o fortalecimento da escola como organização
social comprometida reciprocamente com a sociedade, tendo como objetivo a
melhoria do ensino. A autonomia é a característica de um processo de gestão
participativa que se expressa, quando se assume com competência a
responsabilidade social de promover a formação de jovens adequada às demandas
de uma sociedade democrática em desenvolvimento, mediante aprendizagens
significativas (LUCK,2000, p.21). Desta forma, conclui-se que, trata-se de um
conceito que abrange a democracia-participativa da gestão escolar, que é o
norte do projeto pedagógico curricular. Isto quer dizer que em um ambiente escolar,
tem-se que decidir por rumos, estabelecer objetivos para seguir o destino,
mantendo relativa independência do poder centralizado, e estando, inclusive,
sob sua administração os recursos financeiros. Acredita-se que nesta
perspectiva, a escola envolve os pais, a comunidade, os professores,
funcionários e alunos, atribuindo-lhes também a responsabilidade de traçar o
caminho a ser percorrido pela escola e torná-los co-responsáveis pelo bom
desempenho da organização-escolar (LIBÂNEO, 2004, p.141). Contudo, a autonomia está atrelada a alguns
fatores que de acordo com Paro (2000), depende de determinantes de natureza
interna ou externa. Santos (2008) pontua que vertentes como os recursos
financeiros e humanos são os principais pontos tratados no projeto pedagógico
e sem os quais a autonomia é inexistente. Fica claro que a autonomia é um processo
essencialmente coletivo, que tem como característica o compartilhamento de
responsabilidades e decisões e, que não objetiva a criação da autonomia para
um grupo, mas para todos; se é para todos, tem de ser em nome da sociedade;
desta forma dando corpo à gestão democrática, que tem como características
privilegiar o envolvimento e participação efetiva dos segmentos diversos, a
articulação na elaboração e execução do plano de desenvolvimento da
instituição escolar, com o objetivo de alcançar uma proposta que atenda as
necessidades sociais (LUCK, 2000, p. 27). Portanto, a autonomia requer responsabilidade
consciente, que seja solidária e partilhada por todos que interagem no
processo, visando resultados que contemplem a formação científica e cultural
dos alunos, bem como, o desenvolvimento das potencialidades. A gestão escolar
participativa Diante conceitos como administração, gerência e gestão é necessário
que se esclareça o significado do termo gestão, apontando características que
o diferenciam e destacam em relação aos dois primeiros. De acordo com Castinhede (1983 apud LIMA, 2003, p. 2-3) de forma geral
o conceito de administração contempla fatores como o estabelecimento de
prioridades para objetivos específicos; definição da forma mais apropriada
para o empreendimento e coordenação de esforços em busca de objetivos.
Enquanto Gerência, em um sentido mais restrito, tem a ver com atividades com
finalidade de alcançar êxito dentro do quadro existente de diretores,
estrutura e recursos. Mesmo que essas palavras sejam usadas como sinônimos, como afirma
Westrupp (2003) a gestão tem outra concepção. Nessa linha Bertero (1995 apud
LIMA, 2003, p.4) entende esse conceito como modelo de gestão norteado por
práticas orientadas por uma visão focada e específica, com missão, filosofia
e valores. É essa a definição que se pretende aqui para tratarmos de gestão
democrática participativa e, complementando, na democracia participativa a
decisão é de todos, o que exige mais consciência e responsabilidade dos
envolvidos no processo. A organização escolar deve atuar no sentindo de esclarecer para cada
pessoa envolvida no processo que todos têm seus direitos e deveres, mas
também tem a escola que colaborar no desenvolvimento das competências sócias
e incentivar o trabalho em equipe na instituição (WESTRUPP, 2003, p.58). Portanto, a escola, como afirma Westrupp (2003) atua também na
formação da comunidade envolvida, ou seja, é preciso que porteiros, ajudantes
gerais, enfim, todos estejam mobilizados no sentido de melhorarem suas
competências para alcançarem mais qualidade nos serviços que executam, dando
uma perspectiva educativa às suas atividades. Sem levar em consideração neste momento como o diretor assumiu o
cargo, seja em uma instituição pública ou privada, a ele é dado um poder
legal com a função de liderar o desenvolvimento e a execução do plano de
gestão. Por plano de gestão, de acordo com Martins (1999), entende-se que é o
documento onde estão as informações relacionadas às tomadas de decisões do
planejamento escolar previstos no Regimento, assim como informações como
grade curricular, horário de funcionamento, calendário, quadro de pessoal,
dentre outras. No plano de gestão ainda estão o Plano de Curso e o Plano de
Ensino que é expresso através da Proposta Pedagógica. No processo de elaboração do Plano de gestão, a equipe analisa algumas
características não podem deixar de ser desconsideradas, tais como o contexto
em que a escola está inserida; neste momento também são discutidas e
estabelecidas as metas que se deseja alcançar. A escola, pois, é um meio que permite a participação dos diversos
segmentos atuantes na comunidade escolar como coordenadores, alunos, pais,
professores, diretor e demais por isso tem papel importante na construção
mais humana, justa e democrática da sociedade. É importante que participação seja de fato efetiva, é necessário de
acordo com Westrupp (2003) que se tenha com clareza o conhecimento em relação
à realidade para que se saiba o que fazer com a própria história. Para que o
desenvolvimento seja realmente promovido, é importante que a interação seja
real e efetiva. Democratização da
gestão escolar A gestão democrática implica, pois, em
participação, no trabalho associado das pessoas, que juntas, ao analisarem as
situações, decidirão qual caminho percorrer e de qual maneira, em conjunto.
Como afirma Luck (2000) é desse trabalho, guiado pela vontade do grupo que é
desenvolvida a construção de uma instituição escolar competente e
compromissada com a sociedade. No que se refere à participação, tem-se que, ...em seu sentido pleno,
caracteriza-se por uma força de atuação consistente pela qual os membros da
escola reconhecem e assumem seu poder de exercer influências na dinâmica
dessa unidade social, de sua cultura e de seus valores. Esse poder seria
resultante de sua competência e vontade de compreender, decidir e agir em
torno de questões que lhe dizem respeito (LUCK, 2000, p.27). Tal pensamento é reforçado por Kosik (apud LUCK,
2000, p.27) ao afirmar que a “realidade pode ser mudada só porque e só na
medida que nós mesmos a produzimos, e na medida que saibamos que é produzida
por nós”. A realização dos trabalhos da escola e o seu
desenvolvimento têm direção a seguir e propõem e efetivação, a concretização
de objetivos, sendo que, para tal, é necessário que se estabeleça definição e
objetivos claros dos resultados intermediários e finais. Neste contexto, se fazem necessários um
acompanhamento e avaliação constante para que possíveis problemas sejam
mapeados e contornados e para que se estabeleçam novos objetivos e propostas,
se for o caso. Libâneo (2004) afirma que as decisões e
procedimentos precisam de avaliação e acompanhamento, com base na chamada
relação orgânica entre direção e a participação dos membros de toda a equipe
escolar. É importante deixar claro também que, de acordo
com Libâneo (2004) as ações de trabalho na instituição escolar estão voltadas
para as ações pedagógico-didáticas, em razão dos objetivos da escola. Com
isso, o controle requer uma avaliação mútua entre comunidade, diretor e
professores. A
direção atuando na gestão democrática participativa A educação é palco de buscas para a transformação
social, para a instrumentação científica e cultural da sociedade de uma forma
geral. Portanto, é possível não resistir às formas conservadoras de
organização e gestão escolar, bem como é possível adotar formas alternativas,
criativas, que contribuam para uma escola democrática a serviço da formação
de cidadãos críticos e participativos e da transformação das relações sociais
presentes (LIBÂNEO, 2005, p.328). Neste sentido, no que diz respeito à gestão
democrática, é por meio da participação que se pode caminhar para a garantia deste
tipo de gestão, visto que além de assegurar a participação de todos nos
processos decisórios e funcionamento da instituição, proporciona mais
conhecimento dos objetivos e das metas da escola, além de sua estrutura
organizacional e de sua dinâmica, de suas relações com a comunidade,
possibilita também maior interação, etc. É importante destacar que a participação não
finda todos os meios e ações necessários para assegurar o ensino que
qualidade, democraticamente tratado constitui um dos caminhos mais eficazes
para atingir metas e objetivos escolares. É neste contexto que a figura do diretor/gestor
torna-se imprescindível na gestão democrática, pois se tem que sua atuação é
a de líder, com vistas a promoção da gestão participativa (LIBÂNEO, 2005, p.
330). Devido à sua ocupação na instituição de ensino, o
diretor/gestor constitui-se em uma figura detentora de responsabilidades
diversas e ainda exerce influência sob as pessoas envolvidas e nos demais os
processos naturais da escola. Sua atuação e sua preocupação devem ter como base
a promoção do entrosamento e do diálogo entre alunos, professores e demais
membros participantes com a intenção de garantir o compromisso e a
coletividade na gestão. Além do plano organizacional, que não figura como
a única ou principal atividade assumida pela direção escolar, outros
segmentos são igualmente importantes, como os pedagógicos e sociais que
completam as responsabilidades da atuação da gestão. O fato é que a escola tem uma função social
importante e pontual destaque no que diz respeito à formação da personalidade
dos educandos. Por tais razões, se distancia de entendimentos de alguns
processos de direção que são ligados ao senso comum. Desta forma, tem-se que, ...vai além da mobilização
das pessoas para a realização eficaz das atividades, pois implica
intencionalidade, definição de um rumo educativo, tomada de posição ante
objetivos escolares sociais e políticos, em uma sociedade concreta (LIBÂNEO,
2005, p.331). As instituições escolares, portanto, apresentam
peculiaridades, sobretudo no que se refere à intencionalidade das ações
educativas, que de acordo com Libâneo (2005), significa “resolução de fazer
algo, de dirigir o comportamento para aquilo que tem significado para nós”.
Desta forma, na escola, o que se busca através da equipe escolar é um
planejamento consciente para a realização de tarefas sob objetivos comuns,
sob atitudes comuns e normas comuns. Todo este processo, como afirma Libâneo (2005)
tem por natureza, o conceito de direção, sua estruturação e funcionamento
formam fatores indispensáveis para que se alcancem os objetivos. Sendo assim,
o trabalho escolar, necessariamente implica em um trabalho de direção. É importante que a práxis do diretor tem papel
significativo na organização do trabalho de uma escola. Se por um lado é
indiscutível a importância da discussão coletiva e autonomia para a gestão
democrática, por outro, significa que, tomadas as decisões coletivamente, de
forma participativa, é necessário pô-las em prática. E para tal, é preciso
que a instituição escolar esteja sob boas coordenação e administração
(LIBÂNEO, 2005, p.332). Isso não quer dizer, de forma alguma, que o
sucesso da instituição escolar esteja vinculado unicamente na figura do
diretor ou em uma estrutura na qual todas as decisões são centralizadas nele. Trata-se de uma situação ao contrário, o que é
preciso é Entender o papel do diretor
como um líder cooperativo, o de alguém que consegue aglutinar as aspirações,
os desejos, as expectativas da comunidade escolar e articula a adesão e a
participação de todos os segmentos da escola na gestão de um processo comum
(LIBÂNEO, 2005, p.332). No âmbito educacional, o diretor ultrapassa as
questões administrativas e a ele cabe uma visão geral do conjunto e uma
atuação que apreenda a escola no que se refere aos seus aspectos pedagógicos,
administrativos, financeiros e culturais. Todas essas considerações reforçam que a função
de diretor é indiscutivelmente relevante na instituição escolar e, reforça
também que a escolha para este cargo deve estar pautada em muita
responsabilidade, sabendo que essas questões que nos levam à gestão
participativa passam por processos, etapas e mudanças como a autonomia,
descentralização e democratização e é por isso que se faz importante
compreender todas essas concepções. 3 CONSIDERAÇÕES
FINAIS A partir da avaliação das práticas de gestão escolar disseminadas na
Unidade de Ensino I do Centro Universo de Educação e Desenvolvimento e da identificação das condições profissionais, políticas, econômicas e de
formação acadêmica e das reflexões e análises proporcionadas por meio da leitura dos
artigos, livros e demais fontes apresentadas aqui, afirma-se que ideias como
coletividade, cidadania e transformação são os basilares que sustentam a
prática da gestão escolar democrática, o que nos permite concluir que a
organização escolar, de um modo geral tem atuado com mais consciência em prol
de resultados realmente significativos para a sociedade. A autonomia da escola é caracterizada pela
capacidade da mesma de se conhecer e de se identificar para então
posicionar-se estrategicamente. Entretanto, a característica de se posicionar
de forma diferenciada nos remete ao pensamento de que a comunidade envolvida
está interagindo e se relacionando mutuamente ou seja, a prática social da
educação evoluiu e precisa que a autonomia e democratização da escola
acompanhem esta evolução e dê conta das novas necessidades. A tão desejada identidade e o “conhecer-se” da
instituição implica na interação de todos os participantes que atuam no
processo, o que permite afirmar que com isso há uma valorização dos
indivíduos. A prática da gestão de caráter democrático e participativo demanda a
atuação constante do público escolar nas atividades decisórias e cotidianas
da escola, que por sua vez, necessita de uma liderança competente, que é
construída por além da experiência, por capacitação, aperfeiçoamentos e
formação continuada. Portanto, cursos complementares, aperfeiçoamentos
e atualizações são importantes em qualquer área, inclusive na Educação. No
que se refere ao universo da Educação, a Formação Continuada tem sido a
proposta de atualização e aperfeiçoamento tanto para professores quanto para
os gestores. Afinal, um profissional que tem mais conhecimento e informações
adequadas está mais inclinado a alcançar melhores resultados tanto no
desempenho dos alunos quanto na expressividade da escola. Outro aspecto importante na formação continuada
dos gestores é que os encontros além de serem periódicos, deveriam ser
acompanhados pelos profissionais que atuam em parceria com o diretor visando
dessa forma um plano de ação mais completo que contemple o maior número
possível de questões relacionadas ao dia a dia escolar. Tudo isso nos leva a reflexões acerca da
profissionalização de todo o magistério, como têm funcionado os cursos, quais
as abordagens que são priorizadas e de que modo podem ser melhor
desenvolvidas para assegurar a qualidade. 4
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cenários de competência administrativa. Florianópolis, 2003. |
*[1]Artigo produzido como exigência para a
aprovação final no curso de Pós-Graduação em Gestão Escolar da Universidade
Cidade de São Paulo, orientado pela professora: Leociléa
Aparecida Vieira.
Dorival Rosa Brito,
Graduado em licenciatura plena em disciplinas profissionais pela Universidade
Federal do Pará e Pós-Graduado em Supervisão e Coordenação Pedagógica pela
Pontífice Universidade Católica de Minas Gerais – PUC MINAS. Atualmente exerce
a função de Diretor Escolar do Centro Universo de Educação e Desenvolvimento. Vitória-ES-Brasil. E-mail dorival.brito@gmail.com. Trabalho
enviado em 19/12/2012.
Agradeço à Professora orientadora Leociléa Aparecida Vieira, por aceitar orientar, apoiar
e incentivar este trabalho,.