POR QUE BONS TÉCNICOS FRACASSAM NA GESTÃO DA MANUTENÇÃO?

 

Iremos iniciar a composição do nosso cenário com um erro muito comum que ocorre em TODOS os casos em que o caos está instaurado na manutenção. Um excelente técnico, que sabe absolutamente tudo sobre a planta industrial, é promovido a gerente da manutenção.

 

 

Posso dizer, sem sombra de dúvidas, que esse é o principal erro que pode acontecer e o que mais contribui para a evolução de um cenário caótico.

 

Calma, antes que você me considere um louco e feche esse livro de imediato, tente entender o que estou tentando dizer. Não estou dizendo que o conhecimento técnico é ruim nem que ser um excelente técnico é um fator para fracassar como gestor.

 

O que estou dizendo é que o conhecimento técnico deve ser apenas 30% do “leque” de conhecimento de um bom gerente de manutenção. Para compor o restante desse “leque”, outras habilidades devem ser desenvolvidas para que aí, sim, possam trabalhar em conjunto com o conhecimento técnico.

 

O gerente de uma indústria tem como principal atribuição entender a estratégia da empresa e traduzi-la em planejamento tático, ou seja, em planos e metas para um setor. O gestor da manutenção deve ser, acima de tudo, um planejador. As ferramentas de gestão serão as suas principais aliadas durante a realização da sua função, que é: buscar o sucesso em atingir os melhores resultado possíveis para a sua área.

 

Podemos dizer, então, que o excelente técnico deve ainda compor suas habilidades com 40% das suas competências voltadas para as ferramentas de gestão do setor, dentro de um contexto organizacional.

 

Vamos traçar aqui, momentaneamente, dois perfis de gerente, um deles será chamado aqui de Gerente-Técnico, sendo este possuidor apenas de habilidades relacionadas ao conhecimento técnico, e o outro, o Gerente-Administrador possuindo, do mesmo modo, apenas habilidades em ferramentas de gestão.

A probabilidade de um Gerente-Técnico ser bem-sucedido na gestão da manutenção é infinitamente menor do que a do Gerente-Administrador.

 

A imagem a seguir mostrará o caminho lógico que o Gerente Técnico desprovido de capacidade de gestão percorre para tratar as demandas da manutenção:


 

 

Figura 1 Caminho Lógico de decisão do Gestor-Técnico

 

Perceba que, sem planejamento, sem organização, sem delegação e sem técnica de gestão, a condução de uma área dentro de uma indústria se torna impossível. O Gerente-Técnico tem o hábito de assumir o papel operacional devido ao seu alto conhecimento e competência na realização das tarefas. Geralmente, este gerente tende a desprender tempo e ser criterioso em demasia com pequenas tarefas que não trazem, de fato, resultado financeiro para a empresa. O grande problema é que, enquanto está dedicando seu tempo a realizar essas tarefas, está destinando menos energia às tarefas primordiais da gestão, relacionadas ao planejamento e controle do setor.

 

Isso tudo quer dizer que o conhecimento técnico é dispensável para condução da manutenção? Com certeza, NÃO! E eu irei explicar o porquê.

 

Basta olharmos para um modelo clássico de planejamento organizacional em forma de pirâmide de três níveis para entendermos o papel ideal do gerente na condução da manutenção.

Observe a figura a seguir com o papel tático da gerência sendo apresentado no nível intermediário da pirâmide:


 

Figura 2 Pirâmide Organizacional Clássica com papéis da gerência bem definidos

 

Olhando para a imagem é possível perceber que as habilidades gerenciais, dominadas pelo Gerente-Administrador, são as mais relevantes para o cumprimento da sua função. Isso ocorre, pois o papel da gerência, em um primeiro momento, é entender as metas da direção (nível estratégico da organização) e traduzi-las em planos táticos e metas operacionais e, num segundo momento, organizar os dados da operação para que ações possam ser tomadas em prol da melhoria da organização.

 

Ora, mas como um Gerente-Administrador poderá definir metas operacionais e planos para um setor no qual ele não domina sequer os métodos para realizar as atividades? Como ele irá conferir o trabalho? Como ele poderá entender se a operação está caminhando bem ou mal?

 

Habilidades puramente administrativas, ou puramente técnicas nunca irão construir um gerente de manutenção completo, pois é apenas agregando os dois tipos de conhecimento em seu “leque” que ele será capaz de organizar a manutenção e ter parâmetros técnicos para avaliar o trabalho de sua equipe.

 

Pois bem, já que as habilidades técnicas devem corresponder a 30% das capacidades de um gerente efetivo, e as habilidades gerenciais devem corresponder a 40%, e os outros 30%? O que falta para traçarmos o perfil do Gerente-Completo?

 

A resposta é mais simples do que parece e pode até parecer para muitos, óbvia. Para completar esse perfil é necessário que um gerente desenvolva 30% das suas capacidades como Líder de Equipe. Habilidades como liderança, empatia, capacidade motivacional e multiplicação de conhecimento completam um perfil gerencial voltado para o sucesso.