Proteção contra descargas atmosféricas (raios)

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 Andrea Maria Lima 14 de agosto de 2014 undefined views

Proteção contra descargas atmosféricas (raios)

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Você sabia? Anualmente, caem milhões de descargas atmosféricas (raios) no mundo inteiro e o Brasil é o campeão em quedas de raios, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). A descarga atmosférica é um fenômeno natural com consequencias destrutivas, resultando em vítimas fatais e em bilhões de gastos com a reparação dos danos causados pelas descargas atmosféricas.

As descargas atmosféricas causam sobretensões transitórias que são sobretensões é um pulso ou onda de tensão que sobrepõe a tensão nominal da rede.

Os efeitos das descargas atmosféricas  podem ser direto ou indireto;

o efeito direto é quando o raio cai diretamente sobre as edifícações e/ou instalações elétricas, sua energia é muito elevada e destruidora.

o efeito indireto é quando o raio cai em um ponto e a sobretensões induzida chega até as instalações elétricas.

A descarga atmosférica direta ou indireta pode ter consequências destrutivas nas instalações elétricas, mesmo a diversos quilômetros do ponto da queda.

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Como se proteger contra estes efeitos?

Para responder as diferentes necessidades nas instalações elétricas, a proteção contra os efeitos das descargas atmosféricas pode ser realizada com ajuda de equipamentos/dispositivos  a serem instalados na parte externa  ou interna das edificações.

– na parte externa pode ser adotado um Sistema de Proteção contra Descargas Atmosféricas (SPDA) que são utilizados para evitar os incêndios e as degradações que poderão ser ocasionadas por um impacto direto da descarga atmosférica sobre a edificação (pára-raio, gaiola de Faraday,…)

na parte interna são utilizados Dispositivos de Proteção contra Surtos (DPS), ao qual dedicamos este artigo, obrigatório pela norma ABNT NBR 5410, na edição de 2014, para proteger as instalações elétricas e os equipamentos eletroeletrônicos. Lembrando que o DPS não protege contra sobretensões temporárias, somente transitórias.

A função do DPS é escoar a sobretensão causada pela descarga atmosférica e limitar a sobretensão (afim de não danificar os receptores).

Dispositivos de proteção de surto (DPS) usam 2 diferentes tecnologias adaptadas para cada efeito de descarga atmosférica.

–       Tipo chaveamento de tensão : dispositivo spark gap (centelhador) é principalmente usado contra efeito de descarga direta

–       Tipo limite de tensão : varistor ou diodo ceifador (semi condutor) principalmente usado contra efeito de descarga indireta

 

Eles são isntalados em trilho DIN e no mercado podemos encontrar DPSs nas versões:

– 1P, 1P+N, 2P, 3P, 3P+N e 4P,

– Classe I, Classe II, Classe I+II em um único dispostivo e Classe III.

 

Existem três Classes de DPS:

– Classe I – destinado à proteção contra sobretensões causadas por descargas atmosféricas diretas, com uma grande capacidade de escoamento, recomendados para instalações em locais de alta exposição à descargas atmosféricas,  na entrada da distribuição elétrica das edificações com SPDA.  O DPS Classe I é caracterizado por uma onda de corrente 10/350µs.

– Classe II – com uma capacidade de escoamento menor que o do Classe I, recomendados para proteção das instalações elétricas e equipamentos eletroeletrônicos em edificações sem SPDA, mas que podem sofrer os efeitos indiretos das descargas atmosféricas. O DPS Classe II é caracterizado por uma onda de corrente 8/20µs.

– Classe III – eles são destinados a proteção fina dos receptores sensíveis (computadores,…), possuem  uma capacidade baixa de escoamento, devem ser instalados a jusante de um DPS Classe II.  O DPS Classe I é caracterizado por uma onda de corrente  combinada 1,2/50µs e 8/20µs.

Os três tipos de classe não são comparáveis, cada uma possui sua particiularidade.

 

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Onde instalar e como selecionar?

 Conforme item 6.3.5.2.1 – “Uso e localização dos DPSs na norma ABNT NBR 5410, existem alguns critérios a serem seguidos:

“a) quando o objetivo for a proteção contra sobretensões de origem atmosférica transmitidas pela linha externa de alimentação, bem como a proteção contra sobretensões de manobra, os DPS devems er instalados junto ao ponto de entrada da linha na edificação ou no quadro de distribuição principal, localizado o mais próximo possível do ponto de entrada; ou

b) quando o objetivo for a proteção contra sobretensões provocadas por descargas atmosféricas diretas sobre a edificação ou em suas proximidades, os DPS devem ser instalados no ponto de entrada da linha na edificação.”

 

– Quando existir SPDA na edificação deve ser instalados DPS Classe I (efeitos diretos) e Classe II (efeitos indiretos) no quadro principal e DPS Classe II nos quadros terminais.

quando não existir SPDA na edificação, deve ser instalado o DPS Classe II nos quadros de distribuição e se existir equipamentos sensíveis a mais de 30m do quadro onde esteja instalado um DPS Classe II, deve ser instalado um DPS Classe III próximo a equipamento sensível.

 

Os DPS deverão estar dispostos conforme figura 13 da norma ABNT NBR 5410, abaixo:

 

Os DPS devem estar conforme a norma ABNT NBR IEC 61643-1 e ser selecionadas conforme descrito no item 6.3.5.2.4 “Seleção dos DPS” da norma ABNT NBR 5410, que mencionam as seguintes características:

nível de proteção Up

máxima tensão de operação contínua Uc (veja tabela 49 da norma)

corrente nominal de descarga e corrente de impulso (Iimp)

suportabilidade à corrente de curto-circuito

coordenação dos DPS

Lembrando que para determinar a intensidade do DPS destinado à proteção de uma instalação elétrica contra os efeitos das descargas atmosféricas (baixo risco, médio risco e alto risco), é necessário levar em conta os critérios próprios do local, e as características dos equipamentos  à serem protegidos. Temos que avaliar:

a probabilidade de queda de raios no local

natureza da rede

presença de para-raio na instalação

– o custo e a sensibilidade dos equipamentos

o custo da parada do equipamentos

-…

 

“Notas

a)     A ligação ao BEP ou à barra PE depende de onde, exatamente, os DPS serão isntalados e de como o BEP é implementado, na prática. Assim, a ligação será no BEP quando:

 

–       o BEP se situar a montante do quadro de distribuição principal (com o BEP localizado, como deve ser, nas proximidades imediatas do ponto de entrada da linha na edificação) e os DPS forem instalados então junto do BEP, e não no quadro; ou

–       os DPS forem isntalados no quadro de distribuição principal da edificação e a barra PE do quadro acumular a função de BEP.

Por consequência, a ligação serra na barra PE, propriamente dita, quando os DPS forem instalados no quadro de distribuição e a barra PE do quadro não acumular a função de BEP.

 

b)     A hipótese configura um esquema que entra TN C e que prossegue instalação adentro TN C, ou que entra TN C e em seguida para a TN S (aliás, como requer a regra geral de 5.4.3.6). O neutro de entrada, necessariamente PEN, deve ser aterrado no BEP, direta ou indiretamente (ver figura G.S). A passagem do esquema TN C a TN S, com a separação do condutor PEN de chegada em condutor neutro e condutor PE, seria feita no quadro de distribuição principal (globalmente, o esquema é TN-C-S).

 

c)     A hipótese configura três possibilidade de esquema de aterramento: TT (com neutro), IT com neutro e linha que entra na edificação já em esquema TN-S.

 

d)     Há situações em que um dos dois esquemas se torna obrigatório, como a do caso relacionaod na alínea b) de 6.3.5.2.6.”

Norma  ABNT NBR 5410 (Figura 13 – Esquemas de conexão DPS no ponto de entrada da linha de energia ou no quadro de distribuição principal da edificação)

 

Dispositivos de desconexão dos DPS

Um dispositivo de desconexão  (disjuntor) é necessário para garantir  a segurança da instalação. Cada DPS deve obrigatoriamente ser associado a um dispositivo de desconexão a montante em série.

Este dispositivo assegura:

continuidade de serviço quando o DPS chegar ao fim de sua vida,

também permite isolar facilmente o DPS, quando for substituído preventivamente.

Após ter determinado o tipo de DPS adaptado à instalação, é necessário escolher um dispositivo de desconexão (disjuntor) apropriado. A capacidade de interrupção deve ser compatível com a capacidade de interrupção no ponto da instalação e também totalmente coordenado com o DPS. O fabricante deve garantir esta cooordenção e fornecer uma lista de escolha para os quais os testes foram realizados.

 

Fontes:

ABNT NBR 5410: Instalações elétricas de baixa tensão

Electrical installation guide, Technical collection, Schneider Electric, 2010

Catálogo Acti9 a eificência que você merece, Schneider Electric, 2010